terça-feira, 6 de maio de 2008

assassinato monopoliza noticiário


Não farei coro em torno do assassinato da menina Isabella Nardoni. Na verdade, o intuito desse artigo é outro. O caso dela, todavia, deve servir como disparador para uma discussão que não tem sido feita nos grandes meios de comunicação. Como mencionar uma idéia clichê aos meus estudantes no curso de Jornalismo: A mídia não pode agir como polícia, nem como justiça; não pode investigar (criminalmente) nem julgar. Por definição, inclusive legal, não são estas as atribuições da comunicação social.

Para começar, os meios de comunicação costumam tratar casos de violência como se fossem notícias de relevo e interesse social (não confundir com “interesse das pessoas”). Fogem, portanto, de suas obrigações fundamentais. Mais ainda: Geram “fatos” na medida que sugerem, implicitamente, que aquilo que é divulgado é o que, efetivamente, deve ser sabido. Discussões sérias sobre as causas e as formas de combate (em termos amplos) da violência costumam passar ao longe das notícias e reportagens.

Sem querer parecer indiferente ou insensível, também gostaria de saber qual a prerrogativa que justifica uma cobertura tão extensa e tão exaustiva sobre um único caso de violência que, ademais, não é o único nem em seu gênero. “Isabellas” (de diferentes formas, de diversas idades, e em diferentes circunstâncias) morrem a todo momento em uma sociedade com problemas crônicos de diversas naturezas.

Sobre a cobertura do evento em si, sendo inevitável fugir completamente ao assunto, é preciso trazer uma discussão à tona: A postura condenatória de boa parte da imprensa é preocupante. Mesmo que sejam completamente irrefutáveis as provas contra o casal acusado, não cabe aos veículos de comunicação atropelar o jogo democrático que cede o direito de julgamento aos acusados.

Lembremos que, em 1994, proprietários de uma escola infantil foram acusados de abusar das crianças que estavam aos seus cuidados. A imprensa, na mesma velocidade que vocifera sobre o caso da menina, partiu para a condenação dessas pessoas. Infelizmente (e instrutivamente...) não eram culpados. Não eram culpados mas a imprensa já havia atropelado a vida deles. Esta história foi registrada por Alex Ribeiro no livro “Caso Escola Base” (da Editora Ática).

Quem conhece um pouco o poder dos meios de comunicação, consegue imaginar o tamanho do estrago causado por essa irresponsabilidade. Note que aqui não há nenhuma defesa do casal. Mas...quem investiga é a polícia...quem julga é a justiça...imprensa....eventualmente denuncia...normalmente divulga...divulga resultados...


*********************

Em tempo: Este nosso blog (“nosso” por ser meu e seu...) está passando por uma reestruturação. Desde sua criação, já passou por uma série de contratempos...o computador usado para escrever estes pequenos artigos quebrou...algumas vezes...a internet que utilizo, via celular, raramente permite o abastecimento de conteúdo. Para este ano, todavia, algumas mudanças farão com que o abastecimento não tenha novos problemas: Neste ano estou com maior disponibilidade para escrever. O computador será trocado (se antes não for queimado...). A companhia telefônica contratada para prestar o serviço de internet, discutirá a relação com o PROCON. Nova forma de acesso está em estudo.

5 comentários:

Unknown disse...

Raul,muito boa a postura que vc tem em relaçao a forma que a imprensa encara o caso é a mesma minha.Muitas vezes tentei deixar claro para as pessoas que discuto o caso a posiçao e a influencia da imprensa,entretando os telespectadores, leitores tornam expectadores angustiados por um fim justo, obviamente um fim quase utopico.
A imprensa deve manter a sua competencia de informar e nao canalizar o pensamento da populaçao com suas reportagens tendenciosas.

Unknown disse...

Realmente a imprensa usa de forma erronea o poder que é lhe dado, e a população de "caipiais"levam o caso, apesar de ser muito sério, de uma forma muito exagerada,com cercos a casa dos suspeitos, agressões e tudo mais.
Mas eu gosto do Datena.

valeu raul (Y), aluno do 3º do drummond

Anônimo disse...

Nossa! Mto bom posicionamento!
Concordo plenamente que a imprensa nao tem cumprido com o seu papel informativo, e sim exercido um que nao a cabe: manipular opinioes!
Isso acontece nao só com os casos criminais, mas com tanta (ou maior) intensidade tambem na politica. As grandes emissoras de rádio e televisao manipulam inclusive posturas políticas e decisoes eleitorais. Espero que o seu blog seja mais divulgado, pra q mais pessoas tomem consciencia de que nao podem deixar-se influenciar pela opiniao de terceiros sem o devido grau de senso crítico de separar o joio do trigo, a verdade da especulação. Parabéns pela iniciativa de retomar com o blog. Vai ajudar mto!

;D
Isa (M3 - Drummond Maringá)

Johnny Araujo disse...

Ja fazia tempo que vinha aqui olhar, e nada...
Felizmente você voltou a postar professor... Leio seus artigos e depois reflito sobre, é importante sua opinião aqui.
No tocante a especificidade deste caso, concordo com você, a imprensa tomando um lado e acusando o outro, nos remete ao velho axioma que amiúde
escutamos por aí: "A imprensa não é neutra!"

Anônimo disse...

Raul, parabens pelo su blog. e muito interessante a forma com que voce usa as palavras e os argumentos para defender o ponto de vista, isso nos ajuda a fazer e interpretar melhor os textos. sobre o caso Isabella, eu tambema cho q a midia abusa de seu poder para manipular a mente das pessoas, nao so nesse caso mas em todos os outros, acho tambem que fazem isso com o proposito de desviar a atençao do povo brasileiro dos problemas sociais, economicos, e os escandalos que enlvem nosso pais para acontecimentos que ocorrem diariamente no Brasil, so que com menos repercursao, quantos casos de estrupos, sequestros, mortes acontecem em nosso pais. e nen se qer ficamos sabendo?!
peço q poste mais comentasrios sobre assuntos do nosso cotidiano, isso nos ajuda muito..
mais uma vez parabens e obrigado

Cursinhu SUPER Drummond Mga..!!